Palavreado

Palavras...palavras minhas e de outros. Frases feitas, sendo feitas e refeitas. Construção de pensamento.

sábado, setembro 16, 2006

coisas outras

Em 52 a.c. Catulo escreveu:

Vivamos, minha lésbia, e amemos,
E as censuras desses velhos tão severos,
todas valham para nós só um centavo.
Os sois podem morrer e renascer;
Nós, uma vez que morre nossa breve luz,
devemos dormir uma só noite eterna.
Dá-me mil beijos, depois cem,
Então mil outros, então outros cem.
Depois, sem parar, outros mil, depois cem.
Então, quando somarmos muitos milhares,
Misturaremos todos, para não sabermos,
ou para que nenhum invejoso possa por mau olhado,
Ao saber quantos foram os beijos.


Daí, em 1980, na Revista Còdigo, Aldo Fortes escreve:

MISERABLE CATULO, larga,
de ser bobo. Acabou.
Tudo brilhava para vocês nos belos dias
quando sua menina queria
quando ela ria como ninguém
os dois juntinhos por aí
o mundo voando longe
ah,como você curtia
ela também não vai dizer que não

Aqueles dias vocês foram fundo

Agora ela não quer mais
e você vai chorar?
pare de se comer vivo, bicho
pra que?
aguente essa barra
não fale mal dela
mostre a classe

Tchau, garota, Catulo
tá indo embora
ele não vai entrar nessa
de tentar te chatear
ou sair chateado

Quanto a você, menininha
te cuida
quero só ver quem vai te abraçar
até as tuas costelas estalarem
quem vai te chamar de doçurinha
em quem você vai dar mordidinhas na boca
quem vai te

Catulo, pare com isso